O novo coronavírus surgiu e se espalhou rapidamente pelo mundo. Além de prejudicar a saúde física e mental das pessoas – e em alguns casos levar à morte –, também afeta a saúde das organizações. Nem os mais célebres economistas, empresários, filósofos, pensadores, políticos, professores e historiadores poderiam prever a situação que a grande maioria dos países está enfrentando hoje.
Em meio ao medo, às incertezas e às projeções negativas, surgem inúmeras perguntas. Continuar ou suspender as operações? Manter os investimentos ou enxugar todos os custos ao máximo? Como viabilizar a manutenção dos empregos diante de ações de isolamento social? Como tomar decisões? Como ficarão os indicadores econômicos e as mudanças no mercado como um todo? Como se posicionar frente aos decretos e medidas estabelecidos pelo governo?
As respostas para estas perguntas são complexas, envolvem inúmeros aspectos e riscos e precisam de mais do que soluções prontas. É necessário saber como agir e de que forma. Para Eduardo J. Valério, fundador e presidente da GoNext Governança & Sucessão, nunca foi tão importante para as empresas a presença de um fórum com serenidade para tomadas de decisão, além das reuniões das diretorias e gerência. “Governar uma empresa em tempos de crise diz respeito a, sobretudo, alocar a energia e as responsabilidades nos devidos lugares. Isso vai desde a definição na constituição e temas dos comitês de crise até a definição de temas abordados pelos conselhos de administração, evitando-se desperdício de energia e foco”, destaca.
A governança corporativa é essencial para o equilíbrio na gestão. Em momentos de crise, se torna imprescindível. O papel de todos os líderes em momentos como este passa a ser testado no seu limite máximo, sendo que ao mesmo tempo tais profissionais se defrontam com questões pessoais, familiares e corporativas, todas num grau máximo de intensidade e acontecendo ao mesmo tempo, sem uma solução visível num primeiro momento.
Neste contexto, os membros dos conselhos de administração e seus comitês podem compartilhar experiências, sugerir soluções e direcionar as medidas operacionais que possam mitigar os nefastos efeitos que já estão sendo sentidos no mercado como um todo. “É o momento de cooperação absoluta. Cooperação entre os órgãos de governança da empresa, conselheiros, executivos, clientes, fornecedores e assim sucessivamente. O que está sendo testado neste momento é a real capacidade que temos de nos reinventar como pessoas e como profissionais”, afirma.
As orientações dos conselhos são necessárias para enfrentar o inesperado, superar os obstáculos e buscar novas alternativas e oportunidades, além de se adaptar aos cenários que estão se construindo a cada dia. A adoção de estratégias proativas deve contemplar análise de riscos, desenho de cenários possíveis e prováveis, manutenção das operações, fluxo de caixa e gestão de clientes, fornecedores e de pessoas.
Essas ações, que também fazem parte da governança corporativa, contribuem para a preservação das relações e da intensa cooperação. “Serenidade, lucidez, conhecimento e habilidade na condução dos trabalhos são as características que farão a diferença neste momento. As empresas que souberem usar a governança corporativa a seu favor terão mais chances de sair da crise e de recuperar mais cedo os negócios”, acrescenta Valério.