A implantação de um processo de governança corporativa na gestão de empresas familiares nem sempre é iniciada com a antecedência necessária, podendo trazer consequências negativas para o negócio a longo prazo. De acordo com dados recentes da PricewaterhouseCooper (PwC), empresa de auditoria e consultoria, 54% das empresas familiares brasileiras não têm um plano de sucessão em andamento. Um cenário preocupante, mas que poderia ser contornado com medidas simples, que nem sempre são aplicadas na rotina administrativa.
Para o diretor-presidente da GoNext, Eduardo Valério, a governança corporativa torna-se essencial nas empresas que já estão na segunda ou terceira geração de sócios, embora o recomendável seja a implantação do processo desde a fundação. “No início de cada negócio é preciso estabelecer normas e acordos entre os diferentes sócios, principalmente no que diz respeito aos pilares fundamentais da governança: a relação dos gestores com a empresa, com os familiares e com os sócios. Numa empresa familiar é muito importante discernir esses tópicos pelo bem do negócio”, afirma Valério.
O maior desafio, segundo ele, é fazer com que os fundadores e os familiares tenham a consciência de que precisam entender melhor a dinâmica familiar dentro da empresa e, principalmente, que tratar de negócios é diferente de tratar da família. Ainda de acordo com o levantamento da Pwc, apenas 19% das empresas familiares no Brasil possuem um planejamento sucessório estruturado. Para Valério, “em uma empresa familiar, o quanto antes se começar a pensar nos pilares da governança, maiores serão os benefícios para a empresa, que terá melhor desempenho e, consequentemente, longevidade”.
Nesse cenário, a governança corporativa pode auxiliar os gestores a ampliarem a visão do negócio, focando não só nas consequências, mas, principalmente, nas causas que podem levar até elas. Esse diagnóstico, de acordo com Valério, pode variar de empresa para empresa, mas, via de regra, traz resultados comuns a todas elas, como melhoria na qualidade de gestão, maior alinhamento dos sócios com relação à perspectiva do negócio e, ainda, a manutenção de um controle mais rigoroso dos processos internos, com a geração de relatórios e indicadores que permearão o modo de operação como um todo.
Atualmente, dos mais de 180 projetos de governança corporativa desenvolvidos pela GoNext para empresas familiares, mais de 90% tem seus órgãos funcionando e os instrumentos implantados e seguidos corretamente. Isso, segundo Valério, é resultado de um trabalho com a definição de objetivos claros e acompanhamento constante. “Trabalhamos com um modelo de atuação que traz, pelo menos, 11 etapas na implantação do processo de governança corporativa. Nele podemos prever, por exemplo, a estruturação do conselho de família, dos acionistas, de relatórios gerenciais e agenda periódica de reuniões. Cada etapa tem focos específicos e é mensurada de forma individual, dando aos gestores um nível maior de organização e conhecimento sobre o próprio negócio”, explica Valério.