Os CEOs e presidentes de conselhos que fazem parte do GoNext Fórum se reuniram em um encontro remoto extraordinário nessa quarta-feira (01/04) para conhecer as alternativas e linhas de crédito na crise da COVID-19 oferecidas pelo Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE). Paulo Cesar Starke Junior, contador, mestre na área de finanças e superintendente do BRDE no Paraná e no Mato Grosso do Sul, foi o convidado do evento para conversar com os participantes sobre o assunto.
O BRDE é um banco 100% público com 59 anos de história e atuação principal no financiamento de investimentos com prazo médio de nove anos. Com uma política conservadora, a instituição é considerada perene e com opções de crédito bastante sólidas. “O volume de recursos emprestados no mercado do Paraná é de R$ 5 bilhões, sendo que o prazo total médio é de nove anos. Atuo no BRDE desde 2002 e tenho orgulho de trabalhar na instituição, pois nosso foco é ajudar os empresários que possuem boa governança corporativa e as melhores práticas de finanças”, afirmou.
No cenário atual da pandemia da COVID-19, o superintendente ressalta que o aumento da demanda por financiamentos deu um salto – foram 400 pedidos em apenas uma semana. Além disso, 74% dos clientes registraram o pedido de prorrogação dos contratos para suspender o pagamento das parcelas durante seis meses. “Para o enfrentamento da COVID-19, temos como objetivos prover capital de giro e suspender os pagamentos visando a recuperação da economia frente aos impactos da pandemia, a retomada do crescimento econômico e a manutenção dos empregos e da renda”, destacou.
As medidas de contingência da pandemia da COVID-19 geram um ciclo perigoso, no qual uma ação leva a outra: isolamento social > queda no consumo e nas vendas > retração dos bancos privados > aumento do desemprego > queda na arrecadação > estagnação da economia. Neste contexto, os principais obstáculos para o crédito contracíclico são as garantias reais, a percepção de risco elevada, a carência para os pagamentos, a agilidade no crédito e a retração dos bancos privados.
Para minimizar as consequências da crise, o BRDE oferece diferentes modalidades de financiamento, como R$ 150 milhões de novos recursos para microcrédito (parceria com a Fomento PR) e capital de giro para todos os portes de empresa, programa de investimentos pós-crise com R$ 500 milhões de novos recursos e repactuação de pagamentos com carência de seis meses, sendo que o montante total dos contratos que serão repactuados chega a R$ 800 milhões.
Capital de giro e microcrédito
O público-alvo para destinação dos R$ 150 milhões de novos recursos são micro, pequenas e médias empresas de todos os segmentos e grandes empresas do setor de comércio e serviços. Dependendo do porte da empresa, é possível obter um crédito que varia de R$ 200 mil a R$ 1,5 milhão. O prazo de pagamento é de até 24 meses de carência + 36 meses para amortização, totalizando 60 meses, com taxas de juros a partir de 0,55% ao mês (considerando a SELIC em 3,75% aa). A concessão do financiamento exige garantias reais, normalmente feitas com imóveis.
Para valores abaixo de R$ 200 mil, o financiamento deve ser feito com a Fomento PR e não há exigência de garantia real.
Repactuação de pagamentos
A suspensão de pagamentos visa renegociar os contratos de micro, pequenas e médias empresas, com exceção dos de taxa fixa como crédito rural, PSI e FINEP, para dar carência integral (principal + juros) durante seis meses. Serão mantidas as taxas de juros originais dos contratos, sem acréscimo de multas ou outras penalidades para os adimplentes até março de 2020. Para repactuar o contrato, o cliente deve fazer a adesão online pelo site do BRDE, de maneira fácil e rápida, sem exigência de garantias adicionais.
Investimentos pós-crise
Com montante de R$ 500 milhões, o BRDE também possui uma linha destinada a empresas de qualquer porte para investimentos no pós-crise. A prioridade será para os setores de infraestrutura, como energia renovável, saneamento e transporte, indústria, comércio e serviços, agronegócio em todas as etapas da cadeia produtiva e inovação tecnológica. O valor máximo, os prazos de pagamento e as taxas de juros serão definidos conforme a necessidade do projeto. As garantias seguirão as políticas de garantia do banco.
“Nosso atendimento é sempre rápido, mas, devido à alta demanda, estamos com um prazo de três dias em média para retornar o contato. Em relação ao prazo para obter o dinheiro do financiamento, eu diria que em uma meta ousada é possível conseguir em 60 dias, em média, se toda a documentação estiver completa. Nossa equipe está se revezando no trabalho presencial e home office, mas todos estamos trabalhando para atender da melhor forma possível”, acrescentou o superintendente.