Governança e Sucessão nas Fortunas Familiares: lições a partir da lista Forbes 2025

No último dia 28 de agosto, a Forbes divulgou a 13ª edição de sua lista de bilionários brasileiros, reunindo 300 indivíduos com patrimônio acima de R$ 1 bilhão. Mais do que um ranking de cifras, este levantamento revela tendências de gestão, sucessão e perenidade patrimonial que merecem atenção de todas as famílias empresárias.

Entre os destaques, Eduardo Saverin ocupa pelo segundo ano consecutivo a liderança, com um patrimônio de R$ 227 bilhões, impulsionado pela valorização de seus investimentos em tecnologia e inovação. No mesmo ranking, chama a atenção também a presença de Vicky Safra, com R$ 120,5 bilhões, como a única mulher no Top 10, consolidando a relevância da sucessão familiar bem conduzida no legado do banco Safra.

A lista traz ainda nomes consagrados como Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira, os irmãos Moreira Salles, Miguel Krigsner, André Esteves, entre outros, além de um dado revelador: 31 brasileiros ingressaram pela primeira vez no seleto grupo de bilionários, evidenciando um ciclo de renovação e expansão da elite econômica do país. Atualmente, o ranking é composto por 240 homens, que somam R$ 1,68 trilhão, e 60 mulheres, com patrimônio conjunto de R$ 343,7 bilhões.

Governança como fundamento da perpetuidade

Famílias empresárias que atravessam gerações compartilham um elemento comum: estruturas robustas de governança. É esse arcabouço que permite alinhar interesses, evitar conflitos e dar clareza ao papel de cada herdeiro ou sucessor.

O exemplo de Saverin, que atua globalmente a partir de Singapura, mostra que profissionalização e diversificação geográfica são alicerces fundamentais para preservar e multiplicar patrimônio em setores dinâmicos.

A importância das transições bem estruturadas

O caso de Vicky Safra evidencia a força de uma sucessão planejada. A continuidade do legado da família Safra demonstra que a transferência de liderança não deve ser vista como um evento, mas como um processo — cuidadosamente construído ao longo dos anos, com protocolos familiares, definição de papéis e mecanismos de governança que asseguram o crescimento.

Inclusão e diversidade na liderança familiar

A baixa participação feminina no ranking — 60 mulheres frente a 240 homens — reforça um alerta: a diversidade ainda é um desafio nas empresas familiares brasileiras. Ao mesmo tempo, histórias como a de Vicky Safra mostram que a inclusão de mulheres na sucessão pode fortalecer a governança, trazer novas perspectivas e ampliar a legitimidade da liderança.

A nova geração de bilionários: riscos e oportunidades

O ingresso de 31 novos nomes no ranking traz um ponto crucial: quando fortunas surgem rapidamente, a ausência de governança pode ser fatal. Herdeiros de primeira geração frequentemente enfrentam dilemas de continuidade, dispersão de patrimônio e conflitos de interesses.

É nesse momento que os conselhos familiares, de administração ou consultivos, protocolos de sucessão e programas de educação para herdeiros se tornam indispensáveis para garantir não apenas a preservação da riqueza, mas também a sua relevância no longo prazo.

Conclusão

A lista da Forbes 2025 não é apenas um retrato das maiores fortunas do país. É também um espelho das práticas de governança e sucessão que sustentam, ou ameaçam, a continuidade dessas histórias empresariais.

Seja em famílias tradicionais que já atravessam várias gerações, seja entre os novos bilionários que começam a escrever sua trajetória, o aprendizado é claro: não basta acumular patrimônio, é preciso administrá-lo com sabedoria, estrutura e visão de futuro.

Na GoNext, ao longo de mais de duas décadas, temos acompanhado de perto esse movimento. E a lição que se repete é uma só: quando a governança é sólida e a sucessão é planejada, o legado familiar deixa de ser apenas uma fortuna e se transforma em uma história de perenidade.

Artigo assinado por Paulo Ricardo Smidt, Consultor Sênior da GoNext