O GoNext Presidentes de Conselhos apresentou, no dia 27 de maio, como amadurecer os debates empresariais dentro dos Conselhos de Administração em relação ao Capitalismo Consciente. Quem liderou o encontro foi Hugo Bethlem, cofundador e chairman no Instituto Capitalismo Consciente Brasil, conselheiro em diversas empresas, ex-vice-presidente do Grupo Pão de Açúcar e Advisor Accenture.⠀
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O momento que enfrentamos como sociedade dá contornos mais objetivos à urgência do tema. Afinal, a combinação das crises econômica, política e sanitária, causada pela covid-19, agravou diversos problemas históricos no Brasil: da insegurança alimentar à concentração de renda recorde.
E qual o papel das empresas na construção de um futuro pautado pela consciência coletiva? Segundo Hugo Bethlem, devemos começar entendendo como o modelo capitalista se organizou para nos trazer até aqui.
“O modelo capitalista que a gente conhece é aquele que busca a acumulação de renda infinita, a extração de recursos como se fossem infinitos. O Capitalismo Consciente é reinventar esse processo, maximizar o que temos de bom e minimizar a parte ruim”, explicou.
“Tínhamos o cenário de que a única responsabilidade social de uma empresa era maximizar o lucro do acionista. Esse modelo não pode continuar mais. No movimento do Capitalismo Consciente, negócios devem ter um propósito maior e tratar todos os stakeholders de forma equânime”, orientou.
Empresas são criadoras de valores
Bethlem explica que este movimento está longe de ser uma culpabilização do universo empresarial por todos os problemas de desigualdade do mundo. Mas sim uma ressignificação do valor das empresas na sociedade, uma vez que são as empresas as grandes impulsionadoras de transformações locais e até globais na construção cotidiana do impacto do capitalismo na humanidade.
O movimento Capitalismo Consciente nasce em 2008 e uma das suas principais vozes é John Mackey, CEO da Whole Foods Market, empresa que agora faz parte do grupo Amazon.
Em um vídeo de Mackey apresentado por Bethlem aos presidentes de conselhos do fórum da GoNext, uma fala chama a atenção: “Negócios podem ser feitos de formas mais conscientes, com propósito. Para não ser unicamente sobre fazer dinheiro. Fazer dinheiro é importante para os negócios, ou então eles morrem. Mas isso não significa que o propósito do seu negócio deva ser fazer dinheiro”, diz o CEO da Whole Foods Market.
Hugo Bethlem apresentou cases de empresas que estão conseguindo remodelar suas propostas de valor, como a Reserva, a Magalu e o Grupo Boticário.
“O que percebemos em todas essas experiências, é que gerar bem-estar e riqueza a todos os stakeholders também maximiza o retorno aos acionistas. É possível criar performance com propósito. A empresa que tem performance sem propósito não vai sobreviver. E a que tem propósito sem performance não vai mais encontrar talentos e deixar de ser relevante na sociedade”, apresentou o cofundador do Instituto Capitalismo Consciente.
A liderança consciente: cuidar de pessoas
“Apenas três coisas acontecem naturalmente nas organizações: fricção, confusão e baixa performance. Todo o resto requer liderança. Uma liderança consciente. Capitalismo consciente não é cada um trabalhar como quer e traz resultado se puder”, provoca o especialista.
Para apresentar o que significa ser um líder consciente nesta nova proposta de Capitalismo, Hugo Bethlem retoma a importância da definição de um propósito maior para a organização. “O líder consciente é aquele capaz de organizar, mobilizar e engajar pessoas para atingir resultados alinhados ao propósito”, definiu. “É, afinal, trazer para a realidade a lógica de cuidar das pessoas e não das coisas.”
“Por isso, convido vocês, presidentes de conselhos, para que provoquem seus líderes a deixarem o ego de lado e não queiram ser a maior e melhor organização do mundo. Queiram sim ser a melhor organização em cuidar e servir pessoas e cuidar do meio ambiente. Negócios são sobre vidas e pessoas reais”, explicou.
“O Capitalismo continua sendo a melhor forma de gerar riqueza, inovação e inclusão social das pessoas, elevando sua dignidade. Mas, para isso, precisamos criar oportunidades iguais”, orientou.
A governança multistakeholder
“Apenas as empresas que optarem por guiar sua governança para uma lógica multistakeholder poderão falar em ESG. Mesmo porque ESG é sobre manter o equilíbrio, com responsabilidade social, ambiente e organizacional”, apresentou o palestrante.
Letra a letra da sigla ESG, Bethlem apresentou quais frentes funcionam e importam na evolução dos parâmetros ambientais, sociais e de governança corporativa.
“A governança e a gestão é que vão dar o tom. Governança é o que dita se o social está bem cuidado dentro e fora da organização”, orientou Bethlem.
Para o especialista, quando a alta gestão ainda tem mais dúvidas do que certezas sobre como evoluir nos parâmetros ESG, pode-se olhar, por exemplo, para os 7Rs da Economia Circular: repense, redesenhe, reaproveite, repare, remanufature, recicle, recupere.
“Sua marca é desejada, sonhada? Ela vai fazer falta se desaparecer amanhã? Faça essas perguntas. É importante que sua reputação seja construída na lógica de transformar sua relação com todos os stakeholders”, finalizou.
Os presidentes de conselhos do fórum da GoNext puderam conhecer dados de resultados de pequenas e médias empresas que mostram resultados consistentes nos parâmetros ESG, provando que essa movimentação não está restrita aos grandes players.
GoNext Presidentes de Conselhos
O GoNext Presidentes de Conselhos tem o compromisso permanente de criar os mais atualizados parâmetros de performance para os Conselhos de Administração impulsionarem os negócios familiares.
Com informação, troca de experiências, análises de performances e contato direto com especialistas de relevância nacional e internacional, as atividades do fórum dão força e sustentação para guiar diferenciais competitivos com foco no futuro.